Artista, que estudou Antropologia e administração de empresa, sempre orbitou pelo universo das poéticas têxteis. Tem na natureza sua referência primordial.
Adora o universo de cores dissonantes advindas da cultura urbana de matriz pop-tropical.
Atua também como designer e conceitualizadora de produtos, idéias e projetos que buscam uma identidade autoral.
Borda folhas secas como forma de ampliar seu olhar sobre a natureza e a simplicidade do que lhe é essencial.
O que o vento sopra | Texto da Artista
Quando olho para uma árvore e percebo sua calma, também me acalmo.
As árvores estão sempre profundamente enraizadas no Ser.
Esse trabalho surgiu da intenção de sentir a vibração da natureza e da palavra, e somar a essa força a delicadeza do bordado. Ampliar o olhar sobre as árvores, a natureza, a simplicidade. Falar que folha não é sujeira e que palavras são sementes.
Cada folha e bordado são únicos.
Bordo nas folhas secas que encontro. Gosto de bordar Palavras que faz sentir, pensar, refletir. Tem horas que uma palavra diz muito, ás vezes cura, às vezes desestabiliza. A palavra pode ser uma coisa pesada e pode também ser transformadora. Às vezes é uma semente a ser cultivada.
O Brasil é o maior patrimônio arbóreo do mundo, nosso país leva o nome de uma árvore, o pau Brasil, mas ainda somos pouco educados para árvores. Ainda cortamos árvores porque qualquer motivo. Ainda achamos que folha é sujeira e que os fios elétricos são mais importantes que as árvores.
Para a grande maioria de nós, folhas secas são apenas sujeiras, quando na verdade as folhas secas são nutrientes que se desmancham pela ação de pequenos organismos e depois são mineralizadas por fungos e bactérias enriquecendo o solo e mantendo a umidade.
Tudo o que sei é que as sementes apesar de pequenas contém em si a força das florestas.